O ENCANTO DAS HISTÓRIAS INFANTIS

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terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Gagueira


A gagueira na infância

SILVIA FRIEDMAN

A gagueira na infância é uma manifestação que, como outras manifestações humanas, pode ser interpretada de diferentes maneiras. Desde o ponto de vista do senso comum, quando uma criança fala com repetições, prolongamentos e hesitações (que são as formas mais freqüentes de gagueira), como por exemplo: “que que que quero sair mamãe” aooooonde estamos?” esse o, o, o, o primeiro”. Com muita freqüência, os pais e outras pessoas da família, assim como os professores, acreditam ser bom e recomendável chamar a atenção da criança por este ato. Assim, solicitam à criança que fale devagar, com calma, que pense e respire antes de falar. Com isto podemos entender que as pessoas acreditam que o gaguejar necessita de correção e que, conseqüentemente, acreditam que esta não é uma forma adequada de falar. Reagem negativamente à ela. As próprias crianças reagem negativamente à gagueira de outras crianças, rindo ou imitando, porque é normal em nossa cultura, portar-se desta maneira diante de comportamentos que fogem dos padrões habituais.   
Partindo deste ponto de vista, há estudos em Lingüística (ciência que estuda a linguagem em sua manifestação escrita e falada) que se apóiam na observação dos modos de falar das pessoas e estes estudos nos mostram que as repetições, prolongamentos e hesitações são fenômenos comuns na fala de qualquer pessoa, em qualquer idade. Estes pequenos lapsos, nos ensina a Lingüística, são momentos de subjetivações que se processam enquanto se está falando. Momentos em que se busca uma palavra, se pensa na maneira de traduzir uma idéia ou sentimento em palavras, se sente ou se pensa algo simultaneamente ao que se está dizendo e assim sucessivamente. Estas subjetivações, impossíveis de serem evitadas, podem provocar as repetições, prolongamentos e hesitações. Se escutarmos atentamente a fala, não só de nossos filhos, mas também de outras pessoas, adultos ou crianças, inclusive a nossa, descobriremos que isto é verdade.
Se este tipo de relação de comunicação se apresenta de maneira consistente na vida de uma criança, como conseqüência, ele começa a temer sua maneira espontânea de falar. Começa também a adivinhar as palavras em que supõe, aparecerão problemas. Deste modo, o gaguejar que era natural, começa a ter um novo modo de funcionamento, que chamamos de gagueira sofrimento. Este novo modo se caracteriza pela sensação de medo de falar espontaneamente e por pensamentos de antecipação da ocorrência de problemas para pronunciar aquilo que, todavia, não foi pronunciado. As antecipações, por sua vez, são para o falante tentativas de solucionar problemas. Assim, ao falar, a criança sai do eixo da “emissão “ dos sons, onde sua atenção está nos significados, para ficar preso ao eixo das formas lingüísticas. A palavra perde seu valor simbólico e passa a ter valor de “coisa”; o som deixa de estar em uma cadeia com outros sons que se (deslizam) emitem automaticamente, inconscientemente e passa a constituir-se em um perigo sem saída. Então, os músculos que em outras muitas ocasiões produziram este som, repentinamente, não o fazem mais.

GAGUEIRA: COMO AJUDAR SEU ALUNO A SE EXPRESSAR MELHOR

O jeito como você trata a criança gaga é decisivo para que ela fale com mais fluência, se relacione com os colegas e se sinta bem em classe. A primeira coisa a fazer é deixar a ansiedade de lado
A pergunta é simples: onde você guardou o seu caderno? O aluno começa, então, a bater o pé no chão, a mexer nos cabelos e a repetir uma mesma sílaba. Ele vai ficando cada vez mais nervoso ao tentar, sem sucesso, responder à sua questão. Você percebe o mal-estar e fica na dúvida: espero ou ajudo o menino a completar as palavras? Lidar com um estudante gago traz insegurança mesmo. Não é para menos. Algumas atitudes até agravam o problema — que se não for tratado afeta também a auto-estima, a socialização e a aprendizagem. Por isso, sua atuação positiva em sala pode contribuir para a melhora ou a cura no futuro.
As causas da gagueira, chamada por especialistas de disfluência da fala, são um verdadeiro mistério. Várias pesquisas sugerem que ela pode ser genética, decorrente de disfunções fisiológicas ou de origem psicológica. Mas nenhuma é conclusiva. "Não há provas de que uma emoção forte desencadeie a gagueira. Mas emoções provocadas por críticas ou humilhações pioram o quadro", diz a fonoaudióloga Leila Nagib, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
A falta de fluência é muito comum na pré-escola. Nessa fase, os pequenos estão aprendendo a falar e é natural que cometam alguns errinhos ao pronunciar palavras e frases — o que não é considerado gagueira. "O ato de falar exige precisão, e a criança nessa idade está adquirindo a linguagem e conhecendo seus movimentos e o próprio corpo", afirma Leila. É normal que ela hesite, faça pausas longas e repita palavras, pois é o ensaio da fala. "Em crianças na pré-escola, é aceitável no máximo 10% da fala disfluente. A partir dos 8 anos, isso deve diminuir progressivamente", explica a especialista em gagueira Claudia Regina Furquim Andrade, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). O problema só é preocupante quando o aluno repete sons e sílabas, demonstra esforço para falar, faz movimentos repetidos — como piscar os olhos, bater a mão ou o pé ou mexer nos cabelos — e não olha para a pessoa com quem conversa.

Respeito e incentivo: as melhores atitudes

Além da gagueira, o aluno também tem que lidar com a tensão e a ansiedade que surgem com as críticas. "Ao censurar a criança, o adulto mostra insatisfação com o modo de ela falar. O professor precisa pesquisar sobre como agir e encaminhar os casos a um especialista", afirma a fonoaudióloga Liliane Campos Stumm, professora da Universidade do Sagrado Coração, em Bauru (SP). Ela entrevistou 15 professores de 1ª a 4ª série de uma escola pública da cidade. No início, muitos confundiam gagueira com outros problemas da fala e, apesar da boa vontade, a atitude deles até aumentava a dificuldade. Com o tempo, os professores foram orientados e a maioria dos estudantes passou a fazer terapia. "Eles melhoraram muito não só na fluência mas também na socialização", conta Liliane.
A insegurança e o medo do ridículo geram tanta pressão que as conseqüências são terríveis: a gagueira se agrava, o aluno se isola e seu rendimento cai. Portanto, a atitude positiva dos adultos e dos colegas de classe é essencial. Todos devem ter paciência e evitar interromper o aluno ou chamar a atenção dele. Quando muito pequeno, ele se importa mais com o que quer falar do que como fazer isso. Como não percebe se está se expressando corretamente, não se sente rotulado nem deixa de conversar. Mas, se o adulto ressaltar os seus "erros", a criança começa a dar muita importância ao jeito de falar e fica com medo de abrir a boca outra vez. Isso pode transformar o que seria algo natural da idade em gagueira. "É possível que o problema não se agrave e acabe com o tempo, mas a baixa auto-estima, a dificuldade de se socializar e a insegurança ficam", alerta Leila. Enfrentar isso na infância pode tornar o jovem frustrado e inseguro no futuro. "Um adolescente já me disse que era melhor passar por burro do que por gago", conta Leila.
Fingir que o problema não existe também não resolve. Você é um modelo para a turma. Portanto, se agir espontaneamente com o aluno gago, respeitá-lo e incentivar os colegas a fazer o mesmo, vai ajudá-lo a se sentir aceito e à vontade. Para ensinar a turma a lidar com as diferenças, você pode elaborar atividades ligadas à linguagem em que todos digam o que pensam e sentem, sempre trabalhando o respeito às peculiaridades de cada um. Brincadeiras com rimas, músicas e instrumentos musicais também são úteis. Além disso, olhe sempre nos olhos do aluno. "Manter contato visual e até físico com a criança, como segurar a mão dela, mostra apoio, e não pena"

Recomendação aos Prof. Gagueira na Escola

Sugestões para falar com a criança que gagueja


  • Não diga para a criança falar mais devagar ou relaxar.
  • Fale com a criança de forma calma, sem pressa, pausando freqüentemente. Antes de começar a falar, ouça a criança até o fim e espere alguns segundos após ela ter concluído aquilo que queria dizer. Isso desacelera o ritmo geral da conversa.
  • Ajude todos os alunos da classe a aprender que há momentos de falar e momentos de escutar. Todas as crianças, especialmente aquelas que gaguejam, acham mais fácil falar quando há poucas interrupções e quando elas têm a atenção dos ouvintes.
  • Use expressões faciais, contato visual e outras formas de linguagem corporal para comunicar à criança que você está prestando atenção ao conteúdo da mensagem e não somente à forma como ela está falando.
  • Não subestime a criança. Espere a mesma qualidade e quantidade de trabalhos por parte de crianças que gaguejam.
  • Procure reduzir críticas, padrões rápidos de fala e interrupções.
  • Não complete as palavras para a criança, nem fale por ela.
  • Converse individualmente com o aluno que gagueja sobre as modificações necessárias à sua adaptação em sala de aula. Respeite suas necessidades, sem subestimá-lo.
  • Não torne a gagueira algo vergonhoso. Fale sobre gagueira como se estivesse falando sobre qualquer outro assunto.

fonte: http://fonoaudiologia.blogspot.com.br/search/label/Gagueira

Para maiores esclarecimentos PROCURE UM FONOAUDIÓLOGO!

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